
Embora não se disponha de estatísticas brasileiras para longas séries sobre o mercado de cerveja, é interessante uma análise das séries norte-americanas, algumas com origem ainda no século XIX. Guardadas as devidas proporções, alguns conceitos e informações podem ser extrapolados para nossas condições; no que se aproximam ou no que se distanciam, e em tendências futuras para nosso cenário.


Embora os colonos holandeses já fabricassem cerveja em casa, no distante ano de 1614, no que viria a ser Nova Amsterdam, rebatizada Nova Iorque pelos ingleses, foi somente em 1641 ou 1642 que se estabeleceu a primeira cervejaria comercial, de Phillip Geraerdy, a Het Houten Paard (em holandês Taberna do Cavalo de Pau). Por abandonar seu turno de guarda, Geraerdy havia sido punido a desfilar em uma parada militar, montado em um cavalo de pau, com uma caneca de água em uma mão e uma espada de papel na outra. Um a dois anos antes, porém, a primeira cervejaria comercial já havia nascido nas 3 Américas, estabelecida pelo príncipe holandês, de nascimento alemão, João Maurício de Nassau em Pernanbuco, em outubro de 1640, trazendo o cervejeiro Dirck Dicx da cidade holandesa de Haarlen. A cerveja jorrou em abril de 1641.
João Maurício de Nassau Forte Holandês em Nova Amsterdam (N. Iorque)
Número e tipo de Cervejarias USA 1887-2012

Uma das séries mais antigas disponíveis, a partir de 1887 até 2012, mostra o número de cervejarias registradas nos Estatos Unidos. Que partiram de 2.269 em 1887 para zero em 1920 com a Lei Seca. Em 1933, com sua revogação, o número de cervejarias voltou a aumentar, atingindo seu ápice em 1943, com 857 unidades, para decair novamente com fusões e aquisições. Somente a partir de 1967, com o surgimento das microcervejarias artesanais, o número volta de novo a aumentar, quase chegando aos números históricos de1887. (Gráfico Jornal da Cerveja sobre números Brewers Almanac 2013.)

Lei Seca - EUA 1920 a 1933. Sob o olhar da polícia, trabalhadores de cervejaria clandestina entornam cerveja nos esgotos.

A abertura de cervejarias artesanais, nos últimos anos, vem revigorando o mercado cervejeiro, com novos tipos baseados nas tradições inglesas, alemãs e notadamente belgas, e mais qualidade. Somente o ano de 2012 apontou a abertura de 442 novas cervejarias. (Gráfico Jornal da Cerveja sobre números Brewers Almanac 2013.)


O consumo per capta no mercado norte-americano, apresentou 3 picos, o primeiro de 75 litros/capta/ano ao redor de 1907. O Segundo de 67 litros, após o abismo da lei seca, em torno de 1945, ao final da II Guerra. O terceiro, récorde, de 94 litros ao redor de 1984. Desde então, o consumo geral decresce, embora ainda perto de seus mais altos índices históricos. Ainda que decrescente no geral, o mercado de cervejas artesanais é altamente crescente, conforme observado no próximo gráfico.(Gráfico Jornal da Cerveja sobre números Brewers Almanac 2013.)

Crescimento da produção de cervejas convencionais e artesanais nos EUA. Considerando-se o ano de 2007, como base 100, o gráfico demonstra uma redução de cerca de 5% no mercado de cervejas convencionais, e um crescimento de notáveis 61% no mercado de cervejas artesanais em apenas 5 anos. (Análise Jornal da Cerveja sobre números Beer Association.)

Outro dado interessante, mostra a forma desse consumo desde 1935. Naquele ano, a maior parte do consumo em % era em público, bares, restaurantes, hotéis, etc. Com uma porcentagem menor de cerveja adquirida em lojas para consumo no lar. Essa tendência se inverte, e em 1959/60, o consumo no lar ultrapassa o consumo em publico. Em 1973, se estabilizam, continuando mais ou menos paralelos. Em 1987, uma brusca reversão faz o consumo em público ultrapassar outra vez o consumo no lar. Em 1999 outra dramática reversão, com o consumo no lar encostando no consumo em público, até ultrapassar em 2008. (Gráfico Jornal da Cerveja sobre números Brewers Almanac 2013.)


No valor pago pelo consumidor norte-americano em cada copo ou litro de cerveja, 34,5% ficam com o governo, na forma de impostos e taxas. Cêrca de 28,7% com o varejo (bares, restaurantes, lojas), 11,8% com o distribuidor e 25% com a indústria. (Gráfico Jornal da Cerveja sobre números Brewers Almanac 2013.)

Ainda que a receita da indústria, não seja tão maior que a da Distribuição e do Varejo, o gráfico ao lado mostra que é muito menor o peso da folha de pagamentos na indústria que nos demais setores . (Gráfico Jornal da Cerveja sobre números Brewers Almanac 2013.)
Produção Mundial de Cerveja em milhares de hectolitros - 10 maiores produtores 2002-2011

Uma seleção dos 10 maiores produtores de cerveja do mundo, mostra o Brasil em terceiro lugar, atrás apenas de China e EUA. Mostra porém uma relativa estabilidade do mercado norte-americano total de cervejas, e um crescimento acentuado do Brasil, e explosivo da China. (Gráfico Jornal da Cerveja sobre números Brewers Almanac 2013.)

A produção brasileira de cerveja cresce em rítmo acelerado, e em apenas 10 anos já atinge 60% da produção norte-americana, apesar da população menor e do poder aquisitivo muito menor. (Gráfico Jornal da Cerveja sobre números Brewers Almanac 2013.)
No Brasil também fenômeno da cerveja artesanal é acentuado e irreversível.
A cada dia, maior a procura por cervejas especiais.

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